Movimento quer valorizar memória do escritor Thales de Andrade
Grupo pede que seja reformado o túmulo onde o corpo do piracicabano está sepultado; João Manoel acompanhou ato em homenagem a Thales, na manhã desta segunda-feira
Um novo capítulo da história do piracicabano Thales Castanho de Andrade (1890-1977) começou a ser escrito nesta segunda-feira (15). Justamente no dia em que se comemora o 124º aniversário de nascimento do escritor, um grupo de oito pessoas ––entre elas o presidente da Câmara, João Manoel dos Santos (PTB)–– esteve no Cemitério da Saudade para pedir mais atenção ao legado de um dos maiores nomes da literatura brasileira.
O objetivo da mobilização capitaneada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba é valorizar a memória de Thales, autor de obras como “Saudade” e “El Rei Dom Sapo”, e resgatar entre os jovens a importância daquele que foi o precursor do gênero infanto-juvenil no país. O primeiro passo para alcançar esse propósito é recuperar o local onde o corpo do escritor está enterrado.
Com uma rachadura na lateral, o túmulo, de granito, é um dos mais discretos da travessa onde está situado, no Cemitério da Saudade. Baixo e com apenas uma cruz sobre a pedra, é identificado apenas com uma placa, que, colocada no centenário do nascimento do escritor, em 1990, já está desgastada pelo tempo. Nenhuma foto de Thales indica que ali está o corpo de um dos mais ilustres piracicabanos.
“Eu acho que deveriam fazer algo para chamar a atenção. Às vezes, a pessoa conhece o Thales, mas não sabe que aqui é o túmulo dele. É um desrespeito a um cidadão como ele, que merece o que estamos tentando fazer por sua memória”, disse Moacir Nazareno Monteiro, segundo tesoureiro do IHGP e um dos líderes da mobilização.
João Manoel colocou a Câmara à disposição do grupo para procurar viabilizar as reivindicações. “Quem vai falar o que deve ser feito são vocês, e o que couber à Câmara nós vamos procurar dar todo o apoio. Como o Legislativo não pode dispor de recursos, vocês decidem, e eu farei uma moção de apelo ao prefeito, pedindo que o município faça a modificação que for necessária”, afirmou o vereador.
HISTÓRIA – Valdiza Maria Capranico observou que está entre os propósitos do IHGP, do qual ela é primeira secretária, “resgatar a memória de todos os piracabanos, natos ou de coração, que contribuíram para a cultura e o desenvolvimento da cidade”. Ela lembrou que Thales, além de expoente da literatura brasileira, é reconhecido como o “primeiro ecologista de Piracicaba”. “Em seus livros, ele dava muito valor ao meio ambiente. Era ecologista numa época em que ninguém se preocupava com a natureza.”
Nascido em Piracicaba, em 15 de setembro de 1890, Thales morreu em São Paulo, em 3 de outubro de 1977, aos 87 anos. Foi professor, diretor de escolas e historiador. Ocupou o cargo de diretor-geral do Departamento de Educação do Estado de São Paulo e foi colaborador de diversos jornais e revistas.
Ex-aluno de Thales e ex-vereador, Rubens Leite do Canto Braga também foi ao Cemitério da Saudade para a homenagem feita ao escritor na manhã desta segunda-feira. “Ele não ensinava história; ele contava história para a gente. Mostrava que era pela criança que se mudaria este país”, comentou.
Rubens contou que foi Thales quem o inspirou a propor, quando ocupou uma cadeira na Câmara, a criação dos “vigilantes do meio ambiente”. A ideia acabou não saindo do papel, como lamenta o ex-vereador. “Eu era da oposição, e o prefeito na época nem ligou para isso.”
Além de João Manoel, Moacir, Valdiza e Rubens, também participaram do ato em homenagem ao escritor Luiz Nascimento, Geraldo Ermo Fischer, Geraldo Claret de Mello e Maria Fernanda Ouro, que representou a Escola Municipal “Professor Thales Castanho de Andrade”, localizada no Jardim Oriente. O grupo se reuniu em torno do túmulo de Thales e, após ler trecho de sua obra e relembrar sua trajetória, encerrou o encontro com um Pai-Nosso.
Texto: Ricardo Vasques – MTB 49.918
Fonte: Câmara Municipal de Piracicaba