Capitão Gomes afirma ser contrário ao fechamento de ruas
O vereador Carlos Gomes da Silva, o Capitão Gomes (PP), disse ser “radicalmente contra” às iniciativas que visam fechar o acesso a ruas da cidade, transformando áre (…)
O vereador Carlos Gomes da Silva, o Capitão Gomes (PP), disse ser “radicalmente contra” às iniciativas que visam fechar o acesso a ruas da cidade, transformando áreas urbanas em “pequenos condomínios”. Ele expressou sua preocupação com o tema ao receber em seu gabinete, na manhã desta quinta-feira (7), moradores da região do São Dimas que temem os efeitos do fechamento das ruas Dr. Paulo Pinto, Dona Eugênia e João Sampaio, no cruzamento delas com a avenida Torquato da Silva Leitão.
O grupo favorável à ideia argumenta que a intervenção não afetaria o acesso ao Lar dos Velhinhos e ao Clube de Campo, que são vizinhos da área, nem traria prejuízos a quem usa ônibus, já que as vias não são utilizadas pelo transporte público. “Em contraposição àqueles que estão apoiando, eu sou radicalmente contra o fechamento, juntamente com outros vereadores que têm a mesma posição. Esse negócio de lotear a cidade ––de cada um fazer condomínio em sua rua–– não existe e não vai funcionar, porque não garante a segurança”, afirmou Capitão Gomes.
Os defensores do fechamento das três ruas na região do São Dimas dizem contar com a adesão de 70 por cento dos moradores ––parcela mínima para que a proposta vingue. Mas, na opinião de Capitão Gomes, uma intervenção desse tipo deve ter aprovação unânime da comunidade. “Tenho um projeto tramitando na Câmara, já aprovado em primeira discussão, que diz que, para ter o fechamento, deve haver a concordância de 100 por cento dos moradores. Se um discordar, acabou”, contou o vereador.
Para ele, os que são contrários não podem arcar com as despesas que o local passará a ter, uma vez que, fechando-se num “pequeno condomínio”, a região deixa de contar com serviços públicos e passa a ter de responder, ela mesma, pela infraestrutura do lugar e pelas necessidades dos moradores. “A maioria vai pagar aquilo que a minoria terá que ressarcir? Pois, se fecha, vai haver custos de limpeza de terreno, de coleta de lixo, de esgoto. Isso tudo é rateado entre os moradores. Eu, que não concordei, vou ser obrigado a pagar porque outro morador quis fechar? De jeito nenhum!”, afirmou Capitão Gomes.
“Vamos fazer aqui na Câmara um trabalho nesse sentido: ou revoga-se a lei que dá liberdade de fazer esse tipo de condomínio na cidade; ou o prefeito bate o martelo e não permite o fechamento dessa área, que é o que me interessa agora; ou eu vou brigar na Justiça”, comentou o vereador. “Porque, do jeito que está, se cada um quiser fazer o que bem entende na cidade, isso aqui vai virar a casa da mãe Joana.”
Capitão Gomes rebateu o principal argumento dos defensores da ideia, de que isolar as ruas seria uma forma de diminuir os casos de violência no bairro. “Os moradores que estão querendo o fechamento estão iludidos: não vai aumentar a segurança de jeito nenhum. Veja o exemplo de São Paulo, em que assaltaram a casa do Marco Polo del Nero [presidente da Federação Paulista de Futebol]. Um bandido, vestido como empregado doméstico, entrou na casa dele. E quem abriu a porta? Foi a própria filha dele, que é delegada de polícia. Então, falar de segurança é relativo”, observou o vereador.
RESPONSABILIDADES
Um dos três moradores que estiveram no gabinete de Capitão Gomes para relatar o problema, o economista e presidente do IHGP (Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba), Pedro Caldari, disse haver uma “falsa ilusão”, por parte dos defensores do fechamento das ruas da região do São Dimas, de que a intervenção aumentará a segurança no local. Ele se mostrou preocupado com os custos que a medida, se autorizada pelo Executivo, vai acarretar a quem reside na área.
“Não é justo que se penalize um grupo em função do interesse de outro grupo, que é mais recente e está iludido, pois não sabe quanto custa o fechamento de uma rua”, disse Caldari, de 72 anos, que vive há mais de duas décadas no bairro. “[Isolar uma rua] É abdicar de todos os serviços públicos: água, esgoto, telefonia, rede elétrica, asfalto, limpeza, vigilância, policiamento. Quanto custa isso? Quem vai pagar?”, perguntou o morador.
Caldari também questiona sobre quem vai passar a responder por o que ocorrer na área transformada num “pequeno condomínio”. “Se eu fecho aqui, a propriedade passa a assumir todos os riscos decorrentes do fechamento. Se o sujeito tropeçar na calçada e quebrar a perna, ele vai acionar o condomínio por má conservação”, explicou.
O mesmo alerta foi feito pelo advogado e assessor parlamentar de Capitão Gomes, Antonio Messias Galdino. “O condomínio responde por tudo o que acontecer dentro dele, na área cível e criminal.” Na visita ao gabinete do vereador, Caldari estava acompanhado do professor aposentado da Esalq Oriowaldo Queda, 73 anos, que mora na região desde 1973, e do engenheiro agrônomo e professor aposentado da Esalq e do Centro Acadêmico Escola de Engenharia Mauá, Urgel de Almeida Lima, 82 anos, 41 dos quais residindo no bairro.
Texto: Ricardo Vasques / MTB 49.918
Foto: Emerson Pigosso / MTB 36.356
Fonte: Câmara Municipal de Piracicaba